Bares e Ruas IV



Banheiro de bar é uma espécie de confessionário dos bêbados...


No banheiro, todos teorizam, tiram conclusões, dão diagnósticos, perdem a mira, observam as paredes, imaginam histórias...
Banheiro feminino então...


Nossa! Ele tem suas peculiaridades...é sempre mais sujo que o masculino, tem sempre uma fila na porta e se tiver espelho então....pode esquecer...porque mulher que se preza gasta pelo menos 3 olhadinhas no espelho...cabelo, maquiagem e roupa...tudo é digno de check up...

E as filas do banheiro feminino??? Viram sinônimas de novas amizades...papo de mulher em fila de banheiro é sempre engraçado...desde elogios e críticas às roupas alheias, falar mal dos acompanhantes (masculinos, claro!) até àquela fofoca de última hora, que deixou de ser dita na mesa e escolhida para ser dita na fila do banheiro...

Bares e Ruas III

Mudando de foco, mas não de assunto, você já reparou na quantidade de músicas e até mesmo preces dedicadas à bebida alcoólica? Sempre ligadas às noções de liberdade ou de tristeza, a bebida se mostra presente em inúmeras manifestações culturais...

Veja só, nas músicas:

“eu bebo sim e estou vivendo, tem gente que não bebe e está morrendo”...Eu bebo sim – Elizeth Cardoso.

“aí eu me afogo num copo de cerveja, que nela esteja a minha solução”...Que se chama amor – Só pra contrariar.

“quero tomar todas, vou me embriagar, se eu pegar no sono me deite no chão”...Garçom – Reginaldo Rossi.

“de bar em bar, de mesa em mesa, tomando cachaça, bebendo cerveja”..De bar em bar – Aviões do Forro.

“vamos simbora, prum bar, beber, cair e levantar”... Beber, cair e levantar - Aviões do Forro

“traga cerveja estupidamente gelada pra um batalhão, e vamos botar água no feijão”, Feijoada Completa - Chico Buarque

“foi numa festa, gelo e cuba-libre, e na vitrola Whísky a go-go”. Whisky à Go-Go. Roupa Nova.

“João bebeu toda cachaça da cidade, bateu com força em todo bumbo que ele via”. Cachaça Mecânica – Erasmo Carlos.

“Ela bebeu o boteco inteiro. Ele bateu e capotou. Ela pediu um trago ao poste. Ele beijou de língua o motor”. Sexo e Drogas – Capital Inicial.

“Se eu quiser fumar eu fumo. Se eu quiser beber eu bebo. Eu pago tudo o que eu consumo com suor de meu emprego...”. Maneiras – O Rappa.

Entre outras milhares de música que você, Caro leitor, pode me ajudar a lembrar...

E as preces? Sempre cômicas, aprendei-vos:

Oração da Cerveja

Cerveja gelada que estais no bar,
Aguardando a sexta-feira chegar.
Venha a nós o copo cheio.
Seja feita a nossa farra,
Assim na sexta com no sábado (e feriados).
O álcool nosso de cada dia nos dai hoje,
Perdoai as nossas bebedeiras,
Assim como nos perdoamos
A quem não tenha bebido.
E não nos deixeis cair no sumo
E livrai-nos da Água...
Ámen...doins

“O isopor é o meu pastor, a cerveja não me faltará!”

Oração do Pau d`àgua

Santa Cana que se extrai da roça,
purificado seja o teu caldo.
Venha a nós o vosso líquido, assim em casa como no bar.
Os cinco litros de cada dia nos dai hoje,
perdoai o dia em que bebemos menos,
assim como perdoamos o mal que ela nos faz.
Não nos deixeis cair atordoados e
livrai-nos da rádio-patrulha.
Amém!

Credo do Cachaceiro

"Creio na cachaça boa
Que é pura, imaculada
Um alimento gostoso
Que engorda o camarada
E a qual foi concebida
No alambique e vendida
Na bodega, engarrafada
Nasceu da puríssima cana
Sofre e foi maltratada
Sob o poder da moenda
E numa cuba derramada
Ali ela padeceu
Ao alambique desceu
Aonde foi sepultada
Na caldeira ela sofreu
E já no terceiro dia
Ressurgio do alambique
veio quente e ficou fria
Subiu ao céu da boca
E com ansiedade louca
Só bebo em grande quantia
Hoje ela vive na pipa
E há de vir alegrar
Os grandes e os pequenos
Na hora que for tomar
Creio que ela é famosa
Porque cachaça gostosa
É um pecado enjeitar
Creio no espírito dela
E na santa safra que vem
Na comunicação dos tragos
E dos pileques também
Na remissão das "bicadas"
Na confusão das "lapadas"
E na ressaca eterna, amém."

Padre Nosso do Cachaceiros

"Pai Nosso que estais no céu
Fazei a cana crescer
Com um inverno sadio
Pra ela amadurecer
Porque ela é saborosa
E dá cachaça gostosa
Pra todo mundo beber.
E santificai a cana
Porque ela é excelente
Venha a nós um copo cheio
Que bebo e fico contente
Na cachaça me confio
Se estou quente fico frio
Se estou frio fico quente.
E seja feita a vontade
De quem bebe todo o dia
Na terra como no céu
Da boca, só bebo fria
A cachaça é o pão nosso
Ter prazer nem alegria.
E perdoai os pecados
De quem gosta de aguardente
Fazei que o dono da venda
Perdoe a conta da gente
Quem vive só embriagado
Merece ser perdoado
Para beber novamente.
E não nos deixe cair Embriagados,
porém Livrai-me de pagar tudo
E da ressaca também
Um pedido quero fazer
Durante enquanto eu viver
Não me falte a cachaça.
Amém"

Bares e Ruas II

Há um tempo, pesquisando um pouco mais sobre poesia concreta, vi essa imagem ao lado em um site de poesias visuais...
Achei interessantíssima e se encaixa muito bem neste blog.
*Ah! Aos desinformados, explico:
O autor se deu o trabalho de, literalmente, seguir a métrica de um soneto, cuja composição é 14 versos, dispostos em 4 estrofes, sendo dois quartetos e dois tercetos...exatamente como o baiano Adherrio Surré idealizou em seu Etílico Soneto.

Bares e Ruas

Recebi há alguns dias um e-mail chamado “Aos amigos de buteco”, nele foram destacados milhares de motivos para freqüentarmos um bar e não uma academia...e ele sai listando: “Existem mais bares do que academias. Logo, é mais fácil encontrar um bar no seu caminho”; “No bar, todo mundo está alegre. É o lugar onde a dureza do dia-a-dia amolece no primeiro gole de cerveja. Na academia, todo mundo fica suando, carregando peso, bufando e fazendo cara feia”; “No bar, você pode dividir um banco com outra pessoa do sexo oposto, oudo mesmo sexo e problema é seu, já na academia, dividir um aparelho dá até briga”, entre outras justificativas o email finaliza dizendo: “Você já fez amizade com alguém bebendo Gatorade???Então!!!! Todo mundo pro buteco!!!”
O fato é que, embora as comparações entre um ambiente e outro arrancam boas risadas, o que mais me impressiona mesmo em um bar é a capacidade de unir as pessoas. Sim, não é só casamento que une não. No bar, conquistamos amizades mais duradouras e fiéis que até mesmo os casamentos.
No bar, ora as coisas são ditas, ora cuspidas, ora desabafadas, ora explicadas, ora choradas, ora engraçadas...
Através do bar, várias talentos ficam visíveis e é onde os poetas se inspiram, os escritores denotam, os jornalistas descrevem, os músicos tocam, os mal-pagos reclamam, os bem-pagos se assanham, os pedintes descobrem formas criativas de conseguir trocados...
E a confiança conquistada nos bares? Almoçamos na casa do dono do estabelecimento, jantamos na casa dos garçons, fazemos churrasco na casa do cara que dividia o balcão...
Agora, nada se compara às comemorações realizadas num bar, sempre mergulhadas num copo de cerveja... num bar comemora-se de tudo ou mágoas são afogadas – a carteira de motorista recém-tirada ou recém-perdida, o casamento marcado e o desfeito, o início do namoro e o fim, emprego novo ou o desemprego, o primeiro filho ou o quinto, o, a casa-própria ou o despejo, o carro novo ou a bicicleta, o aniversário ou a morte...