Samba pra descontrair
Pensamento pra fluir
TV para distrair
Futebol pra assistir
Cama pra dormir
Ódio pra cuspir
Dinheiro pra garantir
Paixão pra divertir
Amor pra persistir
Caridade pra repartir
Caminhos pra seguir
Discórdia pra retrair
Sentimentos pra sentir
Sentimentos pra sentir
Sentimentos pra sentir
ir ir ir ir ir ir ir ir
software
Por mais que eu não seja uma pessoa estressada...
Por mais que eu tento ser calma e rasante...
Por mais que eu prefira a calma à agitação...
Eis que eu murchei...
Murchei feito flor sem luz...
Murchei feito pomar sem água...
Murchei feito um bêbado equilibrista cujo desejo da alma contradiz o desejo das pernas...
Nome para isso? Tem sim! Chamaram de hipoglicemia...chamaram de síndrome vestibular periférica irritativa...chamaram de stress...chamaram de nova dieta...chamaram de reeducação alimentar...chamaram de medicamentos diversos...
O que sinto, Rubem Alves descreve como software sensível...rsrsrs... Não deixe de ler:
Receita Para a Saúde Mental
(...) Saúde mental, essa condição em que as idéias comportam-se bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem única, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado (...) Pensar é uma coisa muito perigosa...
(...) Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas chama-se hardware, literalmente “equipamento duro”, e a outra denomina-se software “equipamento macio”. Hardware é constituído por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. O software é constituído por entidades “espirituais” – símbolos que formam os programas e são gravados nos disquetes. Nós também temos um hardware e um software.
O hardware são os nervos do cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam guardados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo “espirituais”, sendo que o programa mais importante é a linguagem.
Um computador pode enlouquecer por defeitos de hardware ou por defeitos no software. Nós também. Quando nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam.
Não se conserta um programa com chave de fenda. Porque o software é feito de símbolos e somente símbolos podem entrar dentro dele. Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos de Drummond e o corpo fica excitado. Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e os acessórios, o hardware, tenham a capacidade de ouvir a música que ele toca e se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta e se arrebenta de emoção!
Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei no princípio: A música que saia de seu software era tão bonita que seu hardware não suportou... Dados esses pressupostos teóricos, estamos agora em condições de oferecer uma receita que garantirá, àqueles que seguirem a risca, “saúde mental” até o fim de seus dias.
Opte por um software modesto. Evite coisas belas e comoventes. A beleza é perigosa para o hardware. Cuidado com a música... Brahms, Mahler, Wagner, Bach são especialmente contra-indicados. Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Tranqüiliza-se, há uma vasta literatura em impedir o pensamento. Se há livros do doutor Lair Ribeiro, por que se arriscar a ler Saramago?
Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre as mesmas coisas com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. E, aos domingos, não se esqueça do Sílvio Santos e do Gugu Liberato.
Seguindo essa receita você terá uma vida tranqüila, embora banal.
Mas, como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é (...)
Por mais que eu tento ser calma e rasante...
Por mais que eu prefira a calma à agitação...
Eis que eu murchei...
Murchei feito flor sem luz...
Murchei feito pomar sem água...
Murchei feito um bêbado equilibrista cujo desejo da alma contradiz o desejo das pernas...
Nome para isso? Tem sim! Chamaram de hipoglicemia...chamaram de síndrome vestibular periférica irritativa...chamaram de stress...chamaram de nova dieta...chamaram de reeducação alimentar...chamaram de medicamentos diversos...
O que sinto, Rubem Alves descreve como software sensível...rsrsrs... Não deixe de ler:
Receita Para a Saúde Mental
(...) Saúde mental, essa condição em que as idéias comportam-se bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem única, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado (...) Pensar é uma coisa muito perigosa...
(...) Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas chama-se hardware, literalmente “equipamento duro”, e a outra denomina-se software “equipamento macio”. Hardware é constituído por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. O software é constituído por entidades “espirituais” – símbolos que formam os programas e são gravados nos disquetes. Nós também temos um hardware e um software.
O hardware são os nervos do cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam guardados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo “espirituais”, sendo que o programa mais importante é a linguagem.
Um computador pode enlouquecer por defeitos de hardware ou por defeitos no software. Nós também. Quando nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam.
Não se conserta um programa com chave de fenda. Porque o software é feito de símbolos e somente símbolos podem entrar dentro dele. Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos de Drummond e o corpo fica excitado. Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e os acessórios, o hardware, tenham a capacidade de ouvir a música que ele toca e se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta e se arrebenta de emoção!
Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei no princípio: A música que saia de seu software era tão bonita que seu hardware não suportou... Dados esses pressupostos teóricos, estamos agora em condições de oferecer uma receita que garantirá, àqueles que seguirem a risca, “saúde mental” até o fim de seus dias.
Opte por um software modesto. Evite coisas belas e comoventes. A beleza é perigosa para o hardware. Cuidado com a música... Brahms, Mahler, Wagner, Bach são especialmente contra-indicados. Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Tranqüiliza-se, há uma vasta literatura em impedir o pensamento. Se há livros do doutor Lair Ribeiro, por que se arriscar a ler Saramago?
Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre as mesmas coisas com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. E, aos domingos, não se esqueça do Sílvio Santos e do Gugu Liberato.
Seguindo essa receita você terá uma vida tranqüila, embora banal.
Mas, como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é (...)
Hoje eu não quero a paz...
Quero o grito, o apelo, o nocivo, o incômodo, o insuportável...
Hoje eu não quero o submetido...
Quero a voz, o “não-querer”, o contesto, o palanque de praça, o justiceiro...
“Pela paz que eu não quero seguir admitindo” Marcelo Yuka
Minha Alma (A Paz Que Eu Nao Quero)
Rappa
a minha alma está armada
e apontada para a cara
do sossego (sego)
pois paz sem voz
não é paz é medo (medo)
às vezes eu falo com a vida
às vezes é ela quem diz
qual a paz que eu não quero
conservar
para tentar ser feliz
as grades do condomínio
são para trazer proteção
mas também trazem a dúvida
se não é você que está nessa prisão
me abrace e me dê um beijo
faça um filho comigo
mas não me deixe sentar
na poltrona no dia de domingo
procurando novas drogas
de aluguel nesse vídeo
coagido pela paz
que eu não quero
seguir admitindo
Quero o grito, o apelo, o nocivo, o incômodo, o insuportável...
Hoje eu não quero o submetido...
Quero a voz, o “não-querer”, o contesto, o palanque de praça, o justiceiro...
“Pela paz que eu não quero seguir admitindo” Marcelo Yuka
Minha Alma (A Paz Que Eu Nao Quero)
Rappa
a minha alma está armada
e apontada para a cara
do sossego (sego)
pois paz sem voz
não é paz é medo (medo)
às vezes eu falo com a vida
às vezes é ela quem diz
qual a paz que eu não quero
conservar
para tentar ser feliz
as grades do condomínio
são para trazer proteção
mas também trazem a dúvida
se não é você que está nessa prisão
me abrace e me dê um beijo
faça um filho comigo
mas não me deixe sentar
na poltrona no dia de domingo
procurando novas drogas
de aluguel nesse vídeo
coagido pela paz
que eu não quero
seguir admitindo
Costume
Acho que estou me acostumando...
Me acostumando de despedir do meu irmão sem achar que vou morrer a cada vez que ele vai embora...
Me acostumando a viver no aperto, na correria...
Me acostumando com o meu temperamento que, embora entre em escalas de erupção, se acostumou a viver no marasmo...
Me acostumando com as dores no pé, inevitáveis depois de um dia longo...
Me acostumando a ser eu, embora isso às vezes incomode...
Me acostumando...
Me acostumando...
Me amansando...
Me contrapondo...
Me educando...
Me amando...
A gente se acostuma
Marina Colassanti
Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.
Acho que estou me acostumando...
Me acostumando de despedir do meu irmão sem achar que vou morrer a cada vez que ele vai embora...
Me acostumando a viver no aperto, na correria...
Me acostumando com o meu temperamento que, embora entre em escalas de erupção, se acostumou a viver no marasmo...
Me acostumando com as dores no pé, inevitáveis depois de um dia longo...
Me acostumando a ser eu, embora isso às vezes incomode...
Me acostumando...
Me acostumando...
Me amansando...
Me contrapondo...
Me educando...
Me amando...
A gente se acostuma
Marina Colassanti
Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.
ACESSO
Penso que tudo é contra-senso
Penso que os sistemas não são lineares
Penso que somos lua, sol e vento
Penso que só somos felizes aos pares
Penso que já é tarde para dormir
Penso que ainda é cedo para acordar
Penso que deixamos a coisa fluir
Penso que há medo de parar
Tudo é contra-senso
Caos ordenado
Ordem caótica
Complexo
Reflexo
Convexo
Sexo
Anexo
Amplexo*
Acesso
*O uso da palavra amplexo foi só pra rimar mesmo...
Para os curiosos de plantão, aí vai o pai dos burros:
Amplexo é uma forma de pseudocópula no qual um anuro macho se coloca no dorso do uma fêmea, agarrando-a com as suas patas, enquanto esta faz a postura dos ovos. Nesta altura, o macho fertiliza os ovos com o fluido que contém os espermatozóides.
Penso que os sistemas não são lineares
Penso que somos lua, sol e vento
Penso que só somos felizes aos pares
Penso que já é tarde para dormir
Penso que ainda é cedo para acordar
Penso que deixamos a coisa fluir
Penso que há medo de parar
Tudo é contra-senso
Caos ordenado
Ordem caótica
Complexo
Reflexo
Convexo
Sexo
Anexo
Amplexo*
Acesso
*O uso da palavra amplexo foi só pra rimar mesmo...
Para os curiosos de plantão, aí vai o pai dos burros:
Amplexo é uma forma de pseudocópula no qual um anuro macho se coloca no dorso do uma fêmea, agarrando-a com as suas patas, enquanto esta faz a postura dos ovos. Nesta altura, o macho fertiliza os ovos com o fluido que contém os espermatozóides.
Como o vento...
Corro demais...
Corro pra dar tempo, corro por falta de tempo, corro por correr e corro para aprender, para vivenciar, para amar, para conquistar, para ser feliz, para dar certo...não tenho tempo...mas tenho sonhos, tenho desejos, tenho um mundo para conquistar...ou como diz Adélia Prado: "não tenho tempo algum, porque ser feliz me consome".
Corro pra dar tempo, corro por falta de tempo, corro por correr e corro para aprender, para vivenciar, para amar, para conquistar, para ser feliz, para dar certo...não tenho tempo...mas tenho sonhos, tenho desejos, tenho um mundo para conquistar...ou como diz Adélia Prado: "não tenho tempo algum, porque ser feliz me consome".
Subo neste altar “viver”
Então respiro e aceno para todos lá de cima...
Sinto uma leveza, uma brisa gostosa...
retorno à terra e ao pousar não me dói o peso de viver...
Não me doem as angústias, os dias de chuva, os dias de calor ardido, os dias de discórdias, os dias de glórias, a música do tempo...
Então retorno aos meus afazeres, às minhas preocupações e sou outra. Sou novinha em folha, sou bela, sou “sins”, “sou nãos” e sigo assim...me amando...
“A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo o que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção de meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas”. Fernando Pessoa
Então respiro e aceno para todos lá de cima...
Sinto uma leveza, uma brisa gostosa...
retorno à terra e ao pousar não me dói o peso de viver...
Não me doem as angústias, os dias de chuva, os dias de calor ardido, os dias de discórdias, os dias de glórias, a música do tempo...
Então retorno aos meus afazeres, às minhas preocupações e sou outra. Sou novinha em folha, sou bela, sou “sins”, “sou nãos” e sigo assim...me amando...
“A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo o que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção de meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas”. Fernando Pessoa
Queixas
Ana Flores
Ele mesmo dissera que se ela não estivesse satisfeita que fosse se queixar ao bispo. E ela foi. Contou tudo o que havia se passado entre eles: a acusação de ser ela a culpada dos pesadelos dele, os encontros só em dias sorteados no calendário, e não deixou de mencionar que ele não a queria com as unhas dos pés pintadas de vermelho, como ela sempre usara até conhecê-lo. Quando ela terminou, o bispo apenas disse, com a voz baixa e calma de quem passou a vida a ouvir queixas: "Volte hoje à noite, às dez. E venha com as unhas dos pés pintadas de vermelho."
Ana Flores
Ele mesmo dissera que se ela não estivesse satisfeita que fosse se queixar ao bispo. E ela foi. Contou tudo o que havia se passado entre eles: a acusação de ser ela a culpada dos pesadelos dele, os encontros só em dias sorteados no calendário, e não deixou de mencionar que ele não a queria com as unhas dos pés pintadas de vermelho, como ela sempre usara até conhecê-lo. Quando ela terminou, o bispo apenas disse, com a voz baixa e calma de quem passou a vida a ouvir queixas: "Volte hoje à noite, às dez. E venha com as unhas dos pés pintadas de vermelho."
Aniversário
Há exatos 27 anos começava a minha história...
História de conquistas, perdas, enganos, certezas, lutas, desistências, muitos risos, alguns choros, e muita, muita saudade...
Do que tenho saudades?
Saudades da minha infância, dos bolinhos de barro, das férias no pomar da avó, do pé de goiaba na frente de casa, cheiro de merendeira nova, suco de maracujá derramado, sonhos em ficar presa no supermercado e poder comer de tudo, certeza de que as férias eram tão longas que duravam um ano, acampamentos, entre mil coisas...
Saudades da espera ansiosa por meus pais chegarem do trabalho, das noites muito bem dormidas, das brigas e confidências com a Jú, das lutas e diversões com o Láucio, dos cuidados e preocupações com Priscila e Telma...
Saudades da minha adolescência, horas a fio com a Angel no telefone, barzinhos rock´n roll com Nina, conversas intermináveis com Carol na porta de casa comendo brigadeiro na colher, notas vermelhas no boletim, convite para me retirar da escola (um convite é mais bonitinho que expulsão, acho), dos exageros juvenis – verdades quase sempre massacrantes, mentiras que nos corroíam por dentro, dos “nãos” bem cantado por meu pai (respostas para os pedidos impossíveis de viagens, shows, etc...) que quase sempre eram revertidos em possíveis “então vai, sua chata. Insistente, não sabe ouvir não”...
Saudades dos meus vinte e poucos anos e a descoberta da liberdade, do lado bom da solidão, da importância do jornalismo e da escrita em minha vida, do homem que amo, da descoberta do desemprego e das desilusões, da descoberta de mim mesma e de minha personalidade forte, firme e ao mesmo tempo sensível...
Porque tenho saudades?
Porque são tempos que não voltam mais...o hoje é a era dos pequenos prazeres, das enormes preocupações e claro, da busca contínua por felicidade...
Não tenho saudades por achar o hoje ruim...ainda mais porque eu adoro o hoje e suas expectativas do amanhã...
Tenho saudades porque descobri algo muito revelador – a nostalgia é gostosa porque quando retornamos à nossa memória e às nossas vivências, estamos retornando para algo que nos traz prazer no hoje, no agora, ou seja, é o prazer real do “não vivenciar mais”, melhor, prazer nostálgico porque o hoje é mutável, e o passado, é imutável e lindo onde está – no ontem, no campo da memória....onde as tristezas de antes já não doem mais, o não preocupar de antes já não trazem danos, o divertir não tinha hora pra terminar, o sentir cheiros e brisas agradáveis não contavam tempo e dinheiro, e a gente sonhava com as conquista do hoje e rejeitava as dificuldades do agora...então está tudo certo, tudo previsto, tudo ou seja, tudo exatamente humano, com acertos e erros e tudo lindo...passado imutável, presente mutável, futuro planejável.
23 de fevereiro – minha história continua...
Finalizo este post com Rubem Alves, sempre um apoio inteligente ao que eu pensei em dizer e não consegui. “Ao final de nossas longas andanças, chegamos finalmente ao lugar. É o vemos então pela primeira vez. Para isso caminhamos a vida inteira: para chegar ao lugar de onde partimos. E, quando chegamos, é surpresa. É como se nunca o tivéssemos visto. Agora, ao final de nossas andanças, nossos olhos são outros, olhos de velhice, de saudade”. Disse também: “A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar” (...). “As coisas que restam sobrevivem num lugar da alma que se chama saudade. A saudade é o bolso onde a alma guarda aquilo que ela provou e aprovou. Aprovadas foram as experiências que deram alegria. O que valeu a pena está destinado à eternidade. A saudade é o rosto da eternidade refletido no rio do tempo. É para isso que necessitamos dos deuses, para que o rio do tempo seja circular: “Lança o teu pão sobre as águas porque depois de muitos dias o encontrarás...“ Oramos para que aquilo que se perdeu no passado nos seja devolvido no futuro. Acho que Deus não se incomodaria se nós o chamássemos de Eterno Retorno: pois é só isso que pedimos dele, que as coisas da saudade retornem”.
História de conquistas, perdas, enganos, certezas, lutas, desistências, muitos risos, alguns choros, e muita, muita saudade...
Do que tenho saudades?
Saudades da minha infância, dos bolinhos de barro, das férias no pomar da avó, do pé de goiaba na frente de casa, cheiro de merendeira nova, suco de maracujá derramado, sonhos em ficar presa no supermercado e poder comer de tudo, certeza de que as férias eram tão longas que duravam um ano, acampamentos, entre mil coisas...
Saudades da espera ansiosa por meus pais chegarem do trabalho, das noites muito bem dormidas, das brigas e confidências com a Jú, das lutas e diversões com o Láucio, dos cuidados e preocupações com Priscila e Telma...
Saudades da minha adolescência, horas a fio com a Angel no telefone, barzinhos rock´n roll com Nina, conversas intermináveis com Carol na porta de casa comendo brigadeiro na colher, notas vermelhas no boletim, convite para me retirar da escola (um convite é mais bonitinho que expulsão, acho), dos exageros juvenis – verdades quase sempre massacrantes, mentiras que nos corroíam por dentro, dos “nãos” bem cantado por meu pai (respostas para os pedidos impossíveis de viagens, shows, etc...) que quase sempre eram revertidos em possíveis “então vai, sua chata. Insistente, não sabe ouvir não”...
Saudades dos meus vinte e poucos anos e a descoberta da liberdade, do lado bom da solidão, da importância do jornalismo e da escrita em minha vida, do homem que amo, da descoberta do desemprego e das desilusões, da descoberta de mim mesma e de minha personalidade forte, firme e ao mesmo tempo sensível...
Porque tenho saudades?
Porque são tempos que não voltam mais...o hoje é a era dos pequenos prazeres, das enormes preocupações e claro, da busca contínua por felicidade...
Não tenho saudades por achar o hoje ruim...ainda mais porque eu adoro o hoje e suas expectativas do amanhã...
Tenho saudades porque descobri algo muito revelador – a nostalgia é gostosa porque quando retornamos à nossa memória e às nossas vivências, estamos retornando para algo que nos traz prazer no hoje, no agora, ou seja, é o prazer real do “não vivenciar mais”, melhor, prazer nostálgico porque o hoje é mutável, e o passado, é imutável e lindo onde está – no ontem, no campo da memória....onde as tristezas de antes já não doem mais, o não preocupar de antes já não trazem danos, o divertir não tinha hora pra terminar, o sentir cheiros e brisas agradáveis não contavam tempo e dinheiro, e a gente sonhava com as conquista do hoje e rejeitava as dificuldades do agora...então está tudo certo, tudo previsto, tudo ou seja, tudo exatamente humano, com acertos e erros e tudo lindo...passado imutável, presente mutável, futuro planejável.
23 de fevereiro – minha história continua...
Finalizo este post com Rubem Alves, sempre um apoio inteligente ao que eu pensei em dizer e não consegui. “Ao final de nossas longas andanças, chegamos finalmente ao lugar. É o vemos então pela primeira vez. Para isso caminhamos a vida inteira: para chegar ao lugar de onde partimos. E, quando chegamos, é surpresa. É como se nunca o tivéssemos visto. Agora, ao final de nossas andanças, nossos olhos são outros, olhos de velhice, de saudade”. Disse também: “A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar” (...). “As coisas que restam sobrevivem num lugar da alma que se chama saudade. A saudade é o bolso onde a alma guarda aquilo que ela provou e aprovou. Aprovadas foram as experiências que deram alegria. O que valeu a pena está destinado à eternidade. A saudade é o rosto da eternidade refletido no rio do tempo. É para isso que necessitamos dos deuses, para que o rio do tempo seja circular: “Lança o teu pão sobre as águas porque depois de muitos dias o encontrarás...“ Oramos para que aquilo que se perdeu no passado nos seja devolvido no futuro. Acho que Deus não se incomodaria se nós o chamássemos de Eterno Retorno: pois é só isso que pedimos dele, que as coisas da saudade retornem”.
Bares e Ruas IV
No banheiro, todos teorizam, tiram conclusões, dão diagnósticos, perdem a mira, observam as paredes, imaginam histórias...
Banheiro feminino então...
Banheiro feminino então...
Nossa! Ele tem suas peculiaridades...é sempre mais sujo que o masculino, tem sempre uma fila na porta e se tiver espelho então....pode esquecer...porque mulher que se preza gasta pelo menos 3 olhadinhas no espelho...cabelo, maquiagem e roupa...tudo é digno de check up...
E as filas do banheiro feminino??? Viram sinônimas de novas amizades...papo de mulher em fila de banheiro é sempre engraçado...desde elogios e críticas às roupas alheias, falar mal dos acompanhantes (masculinos, claro!) até àquela fofoca de última hora, que deixou de ser dita na mesa e escolhida para ser dita na fila do banheiro...
Bares e Ruas III
Mudando de foco, mas não de assunto, você já reparou na quantidade de músicas e até mesmo preces dedicadas à bebida alcoólica? Sempre ligadas às noções de liberdade ou de tristeza, a bebida se mostra presente em inúmeras manifestações culturais...
Veja só, nas músicas:
“eu bebo sim e estou vivendo, tem gente que não bebe e está morrendo”...Eu bebo sim – Elizeth Cardoso.
“aí eu me afogo num copo de cerveja, que nela esteja a minha solução”...Que se chama amor – Só pra contrariar.
“quero tomar todas, vou me embriagar, se eu pegar no sono me deite no chão”...Garçom – Reginaldo Rossi.
“de bar em bar, de mesa em mesa, tomando cachaça, bebendo cerveja”..De bar em bar – Aviões do Forro.
“vamos simbora, prum bar, beber, cair e levantar”... Beber, cair e levantar - Aviões do Forro
“traga cerveja estupidamente gelada pra um batalhão, e vamos botar água no feijão”, Feijoada Completa - Chico Buarque
“foi numa festa, gelo e cuba-libre, e na vitrola Whísky a go-go”. Whisky à Go-Go. Roupa Nova.
“João bebeu toda cachaça da cidade, bateu com força em todo bumbo que ele via”. Cachaça Mecânica – Erasmo Carlos.
“Ela bebeu o boteco inteiro. Ele bateu e capotou. Ela pediu um trago ao poste. Ele beijou de língua o motor”. Sexo e Drogas – Capital Inicial.
“Se eu quiser fumar eu fumo. Se eu quiser beber eu bebo. Eu pago tudo o que eu consumo com suor de meu emprego...”. Maneiras – O Rappa.
Entre outras milhares de música que você, Caro leitor, pode me ajudar a lembrar...
E as preces? Sempre cômicas, aprendei-vos:
Veja só, nas músicas:
“eu bebo sim e estou vivendo, tem gente que não bebe e está morrendo”...Eu bebo sim – Elizeth Cardoso.
“aí eu me afogo num copo de cerveja, que nela esteja a minha solução”...Que se chama amor – Só pra contrariar.
“quero tomar todas, vou me embriagar, se eu pegar no sono me deite no chão”...Garçom – Reginaldo Rossi.
“de bar em bar, de mesa em mesa, tomando cachaça, bebendo cerveja”..De bar em bar – Aviões do Forro.
“vamos simbora, prum bar, beber, cair e levantar”... Beber, cair e levantar - Aviões do Forro
“traga cerveja estupidamente gelada pra um batalhão, e vamos botar água no feijão”, Feijoada Completa - Chico Buarque
“foi numa festa, gelo e cuba-libre, e na vitrola Whísky a go-go”. Whisky à Go-Go. Roupa Nova.
“João bebeu toda cachaça da cidade, bateu com força em todo bumbo que ele via”. Cachaça Mecânica – Erasmo Carlos.
“Ela bebeu o boteco inteiro. Ele bateu e capotou. Ela pediu um trago ao poste. Ele beijou de língua o motor”. Sexo e Drogas – Capital Inicial.
“Se eu quiser fumar eu fumo. Se eu quiser beber eu bebo. Eu pago tudo o que eu consumo com suor de meu emprego...”. Maneiras – O Rappa.
Entre outras milhares de música que você, Caro leitor, pode me ajudar a lembrar...
E as preces? Sempre cômicas, aprendei-vos:
Aguardando a sexta-feira chegar.
Venha a nós o copo cheio.
Seja feita a nossa farra,
Assim na sexta com no sábado (e feriados).
O álcool nosso de cada dia nos dai hoje,
Perdoai as nossas bebedeiras,
Assim como nos perdoamos
A quem não tenha bebido.
E não nos deixeis cair no sumo
E livrai-nos da Água...
Ámen...doins
“O isopor é o meu pastor, a cerveja não me faltará!”
Oração do Pau d`àgua
Santa Cana que se extrai da roça,
purificado seja o teu caldo.
Venha a nós o vosso líquido, assim em casa como no bar.
Os cinco litros de cada dia nos dai hoje,
perdoai o dia em que bebemos menos,
assim como perdoamos o mal que ela nos faz.
Não nos deixeis cair atordoados e
livrai-nos da rádio-patrulha.
Amém!
Credo do Cachaceiro
"Creio na cachaça boa
“O isopor é o meu pastor, a cerveja não me faltará!”
Oração do Pau d`àgua
Santa Cana que se extrai da roça,
purificado seja o teu caldo.
Venha a nós o vosso líquido, assim em casa como no bar.
Os cinco litros de cada dia nos dai hoje,
perdoai o dia em que bebemos menos,
assim como perdoamos o mal que ela nos faz.
Não nos deixeis cair atordoados e
livrai-nos da rádio-patrulha.
Amém!
Credo do Cachaceiro
"Creio na cachaça boa
Que é pura, imaculada
Um alimento gostoso
Que engorda o camarada
E a qual foi concebida
No alambique e vendida
Na bodega, engarrafada
Nasceu da puríssima cana
Sofre e foi maltratada
Sob o poder da moenda
E numa cuba derramada
Ali ela padeceu
Ao alambique desceu
Aonde foi sepultada
Na caldeira ela sofreu
E já no terceiro dia
Ressurgio do alambique
veio quente e ficou fria
Subiu ao céu da boca
E com ansiedade louca
Só bebo em grande quantia
Hoje ela vive na pipa
E há de vir alegrar
Os grandes e os pequenos
Na hora que for tomar
Creio que ela é famosa
Porque cachaça gostosa
É um pecado enjeitar
Creio no espírito dela
E na santa safra que vem
Na comunicação dos tragos
E dos pileques também
Na remissão das "bicadas"
Na confusão das "lapadas"
E na ressaca eterna, amém."
Padre Nosso do Cachaceiros
"Pai Nosso que estais no céu
Padre Nosso do Cachaceiros
"Pai Nosso que estais no céu
Fazei a cana crescer
Com um inverno sadio
Pra ela amadurecer
Porque ela é saborosa
E dá cachaça gostosa
Pra todo mundo beber.
E santificai a cana
Porque ela é excelente
Venha a nós um copo cheio
Que bebo e fico contente
Na cachaça me confio
Se estou quente fico frio
Se estou frio fico quente.
E seja feita a vontade
De quem bebe todo o dia
Na terra como no céu
Da boca, só bebo fria
A cachaça é o pão nosso
Ter prazer nem alegria.
E perdoai os pecados
De quem gosta de aguardente
Fazei que o dono da venda
Perdoe a conta da gente
Quem vive só embriagado
Merece ser perdoado
Para beber novamente.
E não nos deixe cair Embriagados,
porém Livrai-me de pagar tudo
E da ressaca também
Um pedido quero fazer
Durante enquanto eu viver
Não me falte a cachaça.
Amém"
Bares e Ruas II
Há um tempo, pesquisando um pouco mais sobre poesia concreta, vi essa imagem ao lado em um site de poesias visuais...
Achei interessantíssima e se encaixa muito bem neste blog.
*Ah! Aos desinformados, explico:
*Ah! Aos desinformados, explico:
O autor se deu o trabalho de, literalmente, seguir a métrica de um soneto, cuja composição é 14 versos, dispostos em 4 estrofes, sendo dois quartetos e dois tercetos...exatamente como o baiano Adherrio Surré idealizou em seu Etílico Soneto.
Bares e Ruas
Recebi há alguns dias um e-mail chamado “Aos amigos de buteco”, nele foram destacados milhares de motivos para freqüentarmos um bar e não uma academia...e ele sai listando: “Existem mais bares do que academias. Logo, é mais fácil encontrar um bar no seu caminho”; “No bar, todo mundo está alegre. É o lugar onde a dureza do dia-a-dia amolece no primeiro gole de cerveja. Na academia, todo mundo fica suando, carregando peso, bufando e fazendo cara feia”; “No bar, você pode dividir um banco com outra pessoa do sexo oposto, oudo mesmo sexo e problema é seu, já na academia, dividir um aparelho dá até briga”, entre outras justificativas o email finaliza dizendo: “Você já fez amizade com alguém bebendo Gatorade???Então!!!! Todo mundo pro buteco!!!”
O fato é que, embora as comparações entre um ambiente e outro arrancam boas risadas, o que mais me impressiona mesmo em um bar é a capacidade de unir as pessoas. Sim, não é só casamento que une não. No bar, conquistamos amizades mais duradouras e fiéis que até mesmo os casamentos.
No bar, ora as coisas são ditas, ora cuspidas, ora desabafadas, ora explicadas, ora choradas, ora engraçadas...
Através do bar, várias talentos ficam visíveis e é onde os poetas se inspiram, os escritores denotam, os jornalistas descrevem, os músicos tocam, os mal-pagos reclamam, os bem-pagos se assanham, os pedintes descobrem formas criativas de conseguir trocados...
E a confiança conquistada nos bares? Almoçamos na casa do dono do estabelecimento, jantamos na casa dos garçons, fazemos churrasco na casa do cara que dividia o balcão...
Agora, nada se compara às comemorações realizadas num bar, sempre mergulhadas num copo de cerveja... num bar comemora-se de tudo ou mágoas são afogadas – a carteira de motorista recém-tirada ou recém-perdida, o casamento marcado e o desfeito, o início do namoro e o fim, emprego novo ou o desemprego, o primeiro filho ou o quinto, o, a casa-própria ou o despejo, o carro novo ou a bicicleta, o aniversário ou a morte...
O fato é que, embora as comparações entre um ambiente e outro arrancam boas risadas, o que mais me impressiona mesmo em um bar é a capacidade de unir as pessoas. Sim, não é só casamento que une não. No bar, conquistamos amizades mais duradouras e fiéis que até mesmo os casamentos.
No bar, ora as coisas são ditas, ora cuspidas, ora desabafadas, ora explicadas, ora choradas, ora engraçadas...
Através do bar, várias talentos ficam visíveis e é onde os poetas se inspiram, os escritores denotam, os jornalistas descrevem, os músicos tocam, os mal-pagos reclamam, os bem-pagos se assanham, os pedintes descobrem formas criativas de conseguir trocados...
E a confiança conquistada nos bares? Almoçamos na casa do dono do estabelecimento, jantamos na casa dos garçons, fazemos churrasco na casa do cara que dividia o balcão...
Agora, nada se compara às comemorações realizadas num bar, sempre mergulhadas num copo de cerveja... num bar comemora-se de tudo ou mágoas são afogadas – a carteira de motorista recém-tirada ou recém-perdida, o casamento marcado e o desfeito, o início do namoro e o fim, emprego novo ou o desemprego, o primeiro filho ou o quinto, o, a casa-própria ou o despejo, o carro novo ou a bicicleta, o aniversário ou a morte...
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