Então é natal (parte I)

Acabei de ver o filme 2012...propício ou não para a data que se aproxima do fim do ano, da idéia de fim de um ciclo, início de um outro, renovação, família, etc...fiquei com a impressão que, embora seja um filme repleto de efeitos especiais e com enredo exagerado, não é uma mentira...ou seja, essa profecia de catástrofe mundial já se aproxima muito do que estamos presenciando e/ou observando no mundo inteiro – não de forma simultânea e tão rápida como mostrada no filme, mas os desastres ambientais estão aí para provar que não se trata apenas de uma profecia...mas de uma realidade onde nós, seres humanos, temos uma boa parcela de culpa...um filme bom para refletir...ah! queria minha casa própria antes do mundo acabar!!!!
TPM

Inspiro ações
Transpiro lágrimas
Aspiro desejos
Escarro ciúmes

Transformo letras
Informo sentidos
Abordo injustiças
Transbordo necessidades

Sou toda "Tensão Pré-Menstrual"
Sou pior quando "Tensão Em-Menstrual"
E bem humorada na "Tensão Pós-Menstrual"

Sou eu, sou assim
Tento melhorar, tendo a melhorar...
E sou eu...
A mulher do sapato de bolinhas...

Gaiola Própria

Retorno ao assunto liberdade...porque será? Será que a temática me incomoda tanto ao ponto de eu não conseguir me desligar da ideia? Bom, não vou filosofar sobre a palavra liberdade hoje (ver post http://roganesh.blogspot.com/2009_07_01_archive.html ), e relembro Rubem Alves sobre construirmos gaiolas: “Os homens preferem as gaiolas ao vôo. São eles mesmos que constroem as gaiolas onde passarão as suas vidas”...momento desabafo: QUERO MINHA GAIOLA PRÓPRIA!!!
Tirei uma semana de folga...na verdade foi uma semana de acúmulo de hora-extra...e foi muito bom porque precisava muito descansar o espírito e o corpo...e voltei renovada, cheia de novas vontades, novas perspectivas e com muitas fotos para recordar...aproveitei a semana e fui para Aracaju-SE onde meu irmão mora atualmente...(para quem não se lembra do meu drama de quando ele foi embora, leia o post do dia 1 de julho: http://roganesh.blogspot.com/2009_07_01_archive.html). Viajar é sempre um bom momento para pensar na vida...na vida que a gente leva, levou e pretende levar...De acordo com Rubem Alves, uma viagem não é válida se “Não conseguimos desembarcar de nós mesmos”, parafraseando Bernardo Soares. É inútil ir até a China se fazemos a viagem sem sair de dentro dessa bolha dentro da qual vivemos. Tudo o que virmos e pensarmos nessa viagem será uma repetição da nossa mesmice”...e entendam, nesta viagem eu consegui sair de mim mesma...não no sentido de deixar de ser eu...mas no sentido de quebrar paradigmas e preconceitos, ou melhor, pré-conceitos estabelecidos por mim mesma.
1º paradigma quebrado: as cidades dependem muito mais de seus governantes do que se imagina. Sem um governo comprometido com o bem estar social e turístico, qualquer cidade está submetida ao esquecimento e ao marasmo...e este foi o meu primeiro preconceito desmoronado - me surpreendi com uma cidade bela, bem estruturada e em grande parte limpa.
2º paradigma quebrado: o nordestino tem fama de festeiro e por receberem inúmeros turistas em busca das lindas praias da região, acreditava eu, que eles eram pessoas educadas, receptivas...mero engano...em geral, percebi que os sergipanos, principalmente, recebem mal os turistas...é claro que existem boas e não poucas exceções...conheci pessoas maravilhosas nesta viagem, entretanto nos mercados, lojas, aeroportos, etc, as pessoas recebem mal os visitantes... nordestinos, não me crucifiquem, mas tive essa sensação – que pode ser errônea e/ou talvez as pessoas que me atenderem nesses locais não estavam “em um bom dia”...
Paradigma Confirmado: diferenças sociais me incomodam de verdade...é, não tem jeito...não consigo me conformar com realidades tão distintas e tão cruéis...eu estava a passeio, curtindo sol, praia, comidas típicas, restaurantes caros e baratos, passeios diversos, mas não consigo deixar de observar e me indignar com o fato de termos, em todo país, uma pequena parcela rica e uma grande maioria de pessoas carentes de tudo – de educação à falta de comida em casa. São essas pessoas, juntamente com paisagens feias e lixões que as cidades teimam em esconder, mas escancaram em cada esquina, cada morro, cada olhar triste...
Paradigma Confirmado: irmão, eu te amo demais!!! E te ver só prova o quanto eu sinto sua falta aqui, ao meu lado....e CUnhada, você é muito especial, obrigada pela amizade, pela disponibilidade em nos receber tão bem...ôxi, olhe e pense (pronuncie daquele jeitinho nordestino de falar) no tratamento de rainha eu tive, heim? Ou como diz o Léo (nordestino arretado que tem uma família muito legal) – você é “top de linha”. Espero poder contribuir da mesma forma algum dia, porque recepção melhor do que tivemos não tem preço!!! Super te adoro, super te admiro e super te quero bem e feliz!!! Avisa para os vizinhos queridos: Léo, Ana, Renato e Rafaela – foi um prazer imenso conhecê-los, adorei essa família por completo (incluindo os pais do Léo e da Ana)...
Sou hoje um rascunho (não sei se bem ou mal acabado) do que planejei ser...isso não me faz exatamente infeliz...porém também não me faz bem...ando trabalhando muito, preocupando muito e dormindo pouco...e mal...um sono rápido, de acordar pelo menos 18 vezes na noite por qualquer barulho...e o coração apertado, batendo acelerado...ando com olheiras, mal humor, pés cansados, dor em todas as partes do corpo...e acreditem: não é gripe suína, não é uma doença grave ou leve...é cansaço mesmo...e porque? Porque não tenho dormido bem...
Quando adolescente, sonhava em ser uma jornalista que, embora não ganhasse tanto, era feliz...e o que tenho hoje? A Casa Civil boicotando meu diploma, um emprego que me remunera mal (embora tenha ótimas companheiras de trabalho), uma universidade que indefere, ano após ano, meu pedido de matéria isolada de mestrado, uma pós-graduação não acabada (por falta de tempo e saco), e mil contas a pagar...
Meu sonho de casa própria chega perto do ralo a cada aniversário, meu emprego ideal também...mas, como disse acima, não sou exatamente infeliz...batalho, vou a luta, tenho uma família que , embora tenha sempre ao menos 1 problema em vista, é companheira e amorosa, tenho um amor bem sentido, tenho ótimos amigos e uma vida normal...mas preciso dormir...e bem...e os problemas profissionais e financeiros refletem, na noite, em formato de clarões e ruídos que não me deixam dormir...
Sou hoje um rascunho do que planejei ser....
Ela levantou cedo, preparou o café: três colheres de pó cheias, ¾ de xícara de açúcar, uma garrafa inteira de água...apesar de morar sozinha, não se acostumava às reduzidas medidas de pessoa só...pensava que havia algo mágico nessa medida que tornava o café feito pelo pai o melhor café do mundo...conseguia voltar à infância com aquele aroma...quando o pai acordava cedo e a escola era algo tão chato que paquerar o menino mais estranho da escola era ação mais prazerosa de seus dias de merendeira cheirando a suco de cajú derramado...
Foi até a estante, pegou um livro de crônicas, leu calmamente enquanto tomava o café, foi interrompida por um barulho de crianças na rua...percebeu que era sábado...e sentiu um imenso vazio, que só as pessoas sozinhas no sábado a tarde conseguem sentir...sentiu-se triste e só...conferiu a agenda telefônica do celular, passando calmamente nome por nome...sentiu-se ainda mais só...na imensa lista no telefone não havia ninguém para ligar naquele sábado de sol quente, crianças na rua, casais de namorados desfilando e programas ruins na televisão...quis chorar...decidiu tomar um banho, colocar sua melhor roupa e ir ao cinema sozinha...isso! um bom filme anima qualquer mortal...pega o carro na garagem e se sente muito bem...carro, vento no rosto, a possibilidade de ir aonde o vento levar, a música alta, tudo isso a faz sentir a pessoa com a maior liberdade que pode existir...num pensamento rápido, lembra Rubem Alves: “Os homens dizem amar a liberdade, mas de posse dela são tomados por um grande medo e fogem para abrigos seguros. A liberdade é amedrontadora.Os homens são pássaros que amam o vôo, mas têm medo de voar. Por isso abandonam o vôo e se protegem em gaiolas” de volta ao volante pensa na liberdade e se aprisiona no medo...porque não deixar o carro ser guiado para lugar nenhum? quem sabe ir para a serra do cipó sozinha? sumir pelo mundo naquela tarde de sábado azul?...Conclui – não, não seria prudente, e se limita à liberdade de um carro em alta velocidade, no vento que bate na janela...e diz baixinho: melhor um cinema...e pronto...o sábado tornou a ter sentido...
Rubem Alves: “Somos assim. Sonhamos o vôo, mas tememos as alturas. Para voar é preciso amar o vazio. Porque o vôo só acontece se houver o vazio. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Os homens querem voar, mas temem o vazio. Não podem viver sem certezas. Por isso trocam o vôo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram. É um engano pensar que os homens seriam livres se pudessem, que eles não são livres porque um estranho os engaiolou, que se as portas das gaiolas estivessem abertas eles voariam. A verdade é o oposto. Os homens preferem as gaiolas ao vôo. São eles mesmos que constroem as gaiolas onde passarão as suas vidas”. ...
"Aprendi da importância de não dar muita importância
Ficar com os meus pés no chão
Aprendi que viver cansa, mesmo vivendo na França
Mesmo indo de avião
Aprendi que a desavença é por que sempre
Alguém pensa
Que ninguém mais tem razão(...)
Aprendi que tudo passa, tomando chá ou cachaça
Tomando champanhe ou não
Aprendi que a descrença, a desconfiança e a doença
São partes da maldição
Aprendi que a ignorância, a sordidez e a ganância
São lavas desse vulcão
Aprendi que essa fumaça a minha janela embaça
Por fora, por dentro, não" Itamar Assumpção.
Era dia...
Dia de céu azul, brisa leve, sandália de borracha, calça jeans, cerveja gelada, samba no rádio, risos de amigos, queijo com azeite e orégano...
Dia sem senhas, sem jogos, sem sorrisos sem graça, sem carros de som, sem pernilongos, cem felicidades!!!
Ai, como eu quero...”deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz"

irmão


Hoje meu irmão foi embora...
Não para sempre...não para nunca mais voltar...
Mas ele foi para outros sotaques, outros costumes, outras vivências, outras alegrias, outras decepções...
Chorei bastante...ai, como chorei...porque para mim estava indo embora aquele cabeção, chato prá daná, mas com um coração maior que o mundo...alguém que quero sempre ao me lado em tudo...alguém que já passei noites e noites conversando, alguém que me liga no meio de uma tarde chata e com uma simples pergunta: “vamos tomar uma cerveja?” consegue mudar os meus dias, consegue fazer tudo se tornar uma grande festa, consegue me deixar feliz com gestos simples de quem tem um coração tão bom, tão puro , tão transparente, que não conseguiu arrancar de ninguém um adeus...um tchau...um boa sorte...porque o que na verdade todo mundo quis dizer foi “volta logo”, num gesto coletivo não de querer que as coisas não dê certo por lá...mas um gesto de pessoas que o querem por aqui...fazendo nossos dias mais feliz, porque o meu irmão é isso...alegria...embora tenha demonstrado muita tristeza nos últimos tempos (por conta de sua mudança) ele é um dos caras mais alto astral que eu conheço...orgulho de irmã? Simmmmmmmmmmm.....tenho o maior orgulho de ter ele como irmão....e simmmmmmmmmm...sou egoísta sim, porque fui capaz de dormir chorando ao invés de dizer “vai com Deus meu irmão, tudo vai dar certo lá”.... fui capaz de dizer “volta logo”, fui capaz de desejar isso e fui capaz de querer colocar ele em uma redoma de vidro para que mal nenhum acontecesse a ele...
- mudando de foco mas não de assunto, você já viu um desenho que passa no Discovery Kids chamado Charlie & Lola??? Nossa, toda vez que o assisto relaciono com minha vida pessoal...Charlie & Lola são irmãos que se adoram...estão sempre criando e recriando brincadeiras juntos...Charlie sempre está pronto para explicar as coisas e ajudar Lola em suas confusões, enquanto Lola, que sempre tenta resolver tudo sozinha, acaba se rendendo ao companheirismo e paciência de Charlie... “qualquer semelhança é mera coincidência”....

era mulher

Era mulher
E não sabia nem há quanto tempo havia se tornado mulher
Queria ser menina ainda...queria não ser responsável pelo seu nariz...se contentava e vibrava ser responsável somente pelas suas pernas...época em que ia e vinha, chorava e ria, sem cria, sem birra, sem sina, sem lamentos, sem ofensas, sem mágoas...
agora não...
havia se tornado mulher e isso machucava...doía como o crescer dos seios, como a primeira cólica menstrual, como a primeira transa, como a primeira conta pra pagar, como o primeiro coração doído, como o primeiro término, como a primeira indecisão, primeiro susto, primeiro impulso, primeiro ódio, primeira vez mulher...nunca mais menina...
Era mulher e aprendera todas as dores e delícias de ser o que é...
Ando besta, bestinha da silva!!! Parece que tomei uma morfina punk, porque ando com preguiça de tudo, inclusive de pensar...estou tentando fazer um diagnóstico de mim mesma, e sinceramente, tô com uma preguiça de concluir...acho que é excesso de responsabilidade...de repente toda a árvore genealógica do PROBLEMA SOUZA DA SILVA (é, problema sempre tem sobrenome comum) caiu em minha cabeça, então é problema avô, problema pai, problema filho, problema tia.....todos eles fazendo cama na minha humilde cabecinha...e eu??? Cansei, cansei de tentar abraçar todas as causas do mundo, cansei de tentar ser sensata, ser lúcida, ser equilíbrio, ser boa amiga, boa irmã, boa qualquer coisa...o caralho a quatro..sabem o que tenho ganhado com isso? Sono, preguiça e muita, muita energia negativa em torno de mim...de repente meio mundo está me odiando...porquê? porque tentei resolver situações antigas, mágoas passadas, enfim...meti meu narizinho onde não fui chamada, chacoalhei a água onde a dengue se instalava...tirei cânceres com a mão antes de se tornarem enormes tumores na alma das pessoas que verdadeiramente amo...bom, vou parar por aqui, pq estou com sono...ai, que preguiça...deixa eu fingir que estou trabalhando...porque o bicho pega

as idéias enroladas

“de que vale seu cabelo liso e as idéias enroladas dentro da sua cabeça?”

- Nasci com o cabelo bem enroscadinho, cresci com ele e virei artista...afinal, é uma arte conviver com o cabelo anelado...tem dias que ele acorda bem, dá até para admirá-lo no espelho, tem dias que ele acorda encolhido e todo mundo pergunta – você cortou o cabelo? – não, tem dias que ele encolhe mesmo..., tem dias que você cisma de pentear ele seco, daí ele vira “black power”, tem dias que nada nesse mundo abaixa a juba de leão, tem dias que ele faz cachos dignos de salão de beleza...enfim, como toda arte, por mais estilizada que seja, nunca é igual, nunca é idêntico...assim é meu cabelo/arte...quando você tinge o cabelo então, aí sim é arte pura...por mais que você conheça as cores que irá usar, as telas fazem toda a diferença, não é? Com meu cabelo é a mesma coisa...nunca se sabe direito como a cor irá ficar porque depende do jeito que irá pentear...sempre que resolvo tingir o cabelo em salão, vem a cabeleireira indagando – posso fazer uma escova para ver como ficou a cor?...aí eu digo – mas a gente tem que ver como ficou anelado mesmo, porque é assim que eu uso..., aí ela faz uma cara desolada, de quem não crê que uma pessoa use o cabelo cacheado...aliás, quase ninguém gosta de cabelo anelado, pelo menos quem tem cabelo anelado normalmente odeia...mas como sempre fui do contra, eu sempre ADOREI...

- Desde criança fui assim, do contra...a professora pedia para ler um livro...eu lia outro...pedia para desenhar uma flor...eu desenha flor, nuvens, sol, grama e árvore...pedia para colorir desenhos determinados...eu temia e alegava que o cabelo da menina era branco, assim como o vestido e a pele, hehehe....ai, ai...com o cabelo anelado não podia ser diferente...enquanto o mundo inteiro se rendeu às diversas escovas, chapas, formóis (é assim que escreve?!?), eu ali, firme, com meu cabelo encaracolado....

- enfim, acho que estou me rendendo...esse ano senti muita vontade de mudar o cabelo, então já fui em três festas de casamento com o cabelo liso...mas no dia seguinte eu lavei rapidinho para não ficar me estranhando...entretanto, no último casamento milhares de pessoas elogiaram meu cabelo liso...e, confesso....eu também achei bonito...estranhamente interessante meu cabelinho lisinho...lavei no dia seguinte, anelou todo de novo mas a pergunta veio e ficou: por que não fazer uma escova progressiva?

- será que estou me rendendo???

...

A minha falta de tempo andou me afastando das coisas e pessoas que amo...mas estou voltando ao meu eixo, estou limpando os armários, procurando os amigos, dando um valor ainda maior para as pessoas que amo...e também para a escrita, que ficou abandonada nesses tempos de ocupações manhã, tarde e noite. Pronto. Agora tenho parte das minhas noites livres...e pretendo usar elas da melhor maneira possível... lendo, escrevendo...enfim, fazendo o que gosto. Então é isso...a cada dia que passa a gente descobre o que nos falta, o que nos distrai, o que nos engana, o que nos faz perder tempo, o que nos faz crescer...e estou aqui, “a cada dia basta o seu mal” ou melhor,“a cada dia basta o seu bem”.

o amor é filme

Ando apaixonada por poesias e sonetos...claro que não é uma paixão em vão, já que tenho visto muita literatura no curso de Letras...não estou deprê nem nada, mas estou curtindo muito a poesia de Florbela Espanca...não é uma paixão nova, já que há anos curto os seus versos...mas tenho prestado mais atenção nela ultimamente, com uma admiração ainda maior...talvez seja pelo fato dela ser uma revolucionária, libertina, acima do seu tempo...talvez seja pela sua facilidade em expressar suas mágoas em sonetos (coisa que só os bons conseguem fazer devido à complicações de métricas, rimas, etc...), talvez porque ela consiga ser simples, alegre e triste ao mesmo tempo, talvez porque admiro sua coragem em se mostrar...enfim...motivos não me faltam...um brinde àquela que "nem é FLOR nem é BELA, é ESPANCA"...

Eu...

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do sonho, e desta sorte
Sou a crucificada...a dolorida...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impede brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

Florbela Espanca

transpiração

Tenho escrito pouco, tem me faltado inspiração, tem me faltado tempo, tem me faltado paciência...mas não tem me faltado sonhos, não tem me faltado motivos, não tem me faltado vontade...tenho transpirado saudades...saudades de amigos que se encontram longe, saudades de trabalhos que me valiam a transpiração...tenho andado triste...tenho andado desanimada, tenho certeza que isso passa...talvez tenha pousado “um anjo triste perto de mim”...e espero que ele vá embora logo...para eu transpirar novos desejos e criar ânimo para alcançá-los...

vem ni mim

Era dia de céu azul
Era dia de praia e biquíni
Mas apertava, enfim, a realidade
O dia pálido de cadeira, teclas, ventilador e dor de cabeça
O dia de mandar os outros pra puta que pariu era o mesmo dia de engolir essa mesma vontade com biscoito de água e sal...
Era dia de ouvir eu te amo, de molhar na ducha, de tomar cerveja e comer queijo com azeite e orégano...
Mas apertava, enfim, a realidade
O dia pálido de cadeira, teclas, ventilador e dor de cabeça
O dia de sonhar com os dias que surgirão na próxima sexta e gritar bem alto pra todo mundo ouvir: VEM NI MIM, CARNAVAL!!! era o mesmo dia de simplesmente pensar sobre isso e ficar calada com a cadeira, teclas, ventilador e dor de cabeça

esteira...rsrs

Você já reparou que...
o tempo de um choro é infinitamente maior que o tempo de um sorriso?
Você consegue passar horas chorando mas não passa horas sorrindo...por isso valorizamos tanto o sorriso de uma criança, por exemplo, porque é um momento muito mais especial que seu choro...

Você já reparou que...
o tempo dentro de uma sala de aula é infinitamente maior que o tempo em frente a TV?
Você consegue ver cada segundo durar minutos dentro da sala mas nem percebe quanto tempo se passou em frente a TV...por isso é que poucas pessoas se disponham a freqüentar uma escola por exemplo, é que o trabalho mental exige muita concentração, coisa que dispensamos ao ver TV...

Você já reparou que...
o tempo que passamos esperando alguém chegar é infinitamente maior que o tempo que passamos com essa mesma pessoa?´
Você se incomoda com minutos de atraso mas não incomoda com horas de conversa...isso acontece quando estamos com um grande amigo ou um namorado por exemplo, cuja espera significa desconcerto e a conversa significa desabafo ou prazer..

Você já reparou que...
o tempo que passamos correndo na esteira é infinitamente maior que o tempo que passamos comendo?
Você olha para o relógio da esteira e os segundos custam muito mais tempo pra passar do que aqueles segundos contados em voz alta e você nem lembra de relógio, horas, minutos, centésimos, milésimos quando está saboreando algo...e é também na esteira que você começa a filosofar sobre o tempo...rsrsrsrs
Conclusões estas, tiradas após uma pequena corrida na esteira hoje cedo...kkkkkk ai, como sou besta!
O cheiro do feijão cozinhando, os tacos da sala, o barulho da enceradeira...Cida fazia tudo ao mesmo tempo...também passava os olhos na meninada...entre as três crianças na sala, a caçula era eu - quem acordava cedinho só para ver minha mãe antes dela sair apressada para o trabalho...lembro de sentir uma angústia infinita nas partidas de minha mãe...lembro também do movimento barulhento e aconchegante da hora do almoço...hora em que meu pai chegava suado e faminto, minha mãe também vinha calma e cansada, representando, naquele momento, a hora mais esperada dos meus dias de criança...hora de família reunida...apesar do cansaço impresso nos rostos de meus pais, sempre havia muita conversa na mesa posta...conversas sinônimas de acolhimento... Com gostinho de lençol lavado, chuva no telhado, arroz novinho, pé de goiaba, playmobil, rabiscos no caderno, rock no rádio, varanda gelada, churrasco de domingo, etc...
Nostalgias a parte, tenho almoçado sozinha...isso não me faz infeliz, mas lembrei-me que esse momento já foi mais especial...
Ela ainda não sabe lidar com o novo...
Ela ainda pensa que ele vai perceber o grande erro que cometeu e vai surpreende-la com mudanças de comportamento e flores...
Ela também sabe que esse pensamento não a leva a nada...e sabe também que a tristeza não muda anos de certezas...
Ela quer curtir a liberdade mas ainda não sabe qual bagagem tal liberdade traz embutida...
Ela ama os amigos mas sair ainda lhe desconcerta em determinados momentos...
Ela ainda sofre sozinha no quarto, pensando besteiras e conferindo o telefone...
Ela então inventa mil e uma maneiras de sair do bode...mas sabe que isso leva tempos...
O Vento
(Rodrigo Amarante)

posso ouvir o vento passar...assistir a onda bater...
mas o estrago que faz a vida é curta pra ver...
eu pensei que quando eu morrer vou acordar para o tempo e para o tempo parar.
um século, um mês. três vidas e mais...um passo pra trás? por que será?...vou pensar.

como pode alguém sonhar o que é impossível saber?
não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer...
e isso, eu vi, o vento leva!
não sei mas sinto que é como sonhar...
que o esforço pra lembrar é a vontade de esquecer...e isso por quê? (diz mais)

se a gente já não sabe mais rir um do outro, meu bem, então o que resta é chorar...
e talvez se tem que durar, vem renascido o amor bento de lágrimas...
um século, três, se as vidas atrás são parte de nós...e como será?
o vento vai dizer lento o que virá...e se chover demais a gente vai saber,
claro de um trovão, se alguém depois sorrir em paz.
(só de encontrar...)
- Oi garganta tudo bem?
- Não, tudo péssimo...você me destratou, jogou litros de cerveja na minha cara, me encharcou de água gelada e agora fica aí...se redimindo com sopinhas...vai te catar...
- Mas você tem que entender que estou fazendo o melhor que posso, melhor que ficar engolindo sapos, não?
- Você é assim, uma mistura explosiva de vomitar o que pensa e engolir o que não quer...devia cuidar melhor de nós, órgãos solidários que baixamos sua imunidade para você não achar que é independente demais...
- Ok, ok, entendi...dá para desinflamar agora???
- Bom, você aprendeu a lição?
- Que lição?
- Ora, ora....vou ficar mais uns dias arranhando para você aprender...

Sintaxe À Vontade

Composição: Fernando Anitelli/O Teatro Mágico

Sem horas e sem dores
Respeitável público pagão
a partir de sempre
toda cura pertence a nós
toda resposta e dúvida
todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
todo verbo é livre para ser direto e indireto
nenhum predicado será prejudicado
nem tampouco a vírgula, nem a crase nem a frase e ponto final!
afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas
e estar entre vírgulas pode ser aposto
e eu aposto o oposto que vou cativar a todos
sendo apenas um sujeito simples
um sujeito e sua oração
sua pressa e sua verdade,sua fé
que a regência da paz sirva a todos nós... cegos ou não
que enxerguemos o fato
de termos acessórios para nossa oração
separados ou adjuntos, nominais ou não
façamos parte do contexto da crônica
e de todas as capas de edição especial
sejamos também o anúncio da contra-capa
mas ser a capa e ser contra-capa
é a beleza da contradição
é negar a si mesmo
e negar a si mesmo
pode ser também encontrar-se com Deus
com o teu Deus
Sem horas e sem dores
Que nesse encontro que acontece agora
cada um possa se encontrar no outro
até porque...

tem horas que a gente se pergunta...
por que é que não se junta
tudo numa coisa só?

o que é bonito

Lenine

O que é bonito é o que persegue o infinito
Mas eu não sou...eu não sou, não...
Eu gosto é do inacabado, o imperfeito, o estragado que dançou, que dançou...
Eu quero mais erosão, menos granito, namorar o zero e o não...
Escrever tudo o que desprezo e desprezar tudo o que acredito...
Eu não quero a gravação não, eu quero o grito...
Que a gente vai a gente vai...e fica a obra
Mas eu persigo o que falta, não o que sobra...
Eu quero tudo que dá e passa
Quero tudo que se despe, se despede e despedaça...

Quero tudo que se despe, se despede e despedaça...

larissa

O fim de semana foi uma loucura...Trabalhei até às 19h, tomei um banho rápido, fui ajudar na organização da festa de minha irmã e cunhada...uma noite longa, alguns grandes amigos, outros tantos desconhecidos numa festa que prometia mais do que alegrou...enfim, esperávamos mais, curtimos menos, e a festa ainda me rendeu uma enorme dor de cabeça e o fim de uma relação de quatro anos e meio...é, terminei um namoro que já se arrastava, desrespeitava e tensionava a cada dia...me dei o direito de passar um dia inteiro em depressão profunda...eita sábado triste...no domingo, já um pouco melhor fui para um clube: eu, minha cunhada, minha sobrinha, a filha de uma amiga e outra amiga...estava eu sentada no raso de uma piscina infantil quando Larissa (uma nova amiga de 08 anos de idade) se aproximou...pediu que lhe desse a mão para mergulhar... (pensei, uma menina tão grande numa piscina que bate nas canelas tem dificuldade de mergulhar?)...viro para o lado e enxergo os pais da garota sentados em uma mesa...do lado, a cadeira de rodas dela...da pequena Larissa...entendi o motivo de tamanha dependência e continuei ajudando a garota a mergulhar...entre conversas, ela me disse que sua mãe tb chama Roberta...que coincidência...continuei a brincadeira quando de repente ela olhou para mim e disse: “sabe, roberta. Eu queria morrer...”, sem pensar indaguei logo “por que, Larissa?”...ela olhou firmemente nos meus olhos e disse “porque Deus não vai me fazer andar”....senti meu coração dando nó, um amargo na garganta, os olhos enchendo d´àgua...um vazio imenso e acima de tudo um peso enorme em minha conciência...eu, triste com o fim de uma história da minha vida, que é realmente triste, mas não é o fim do mundo e a minha nova amiga ali, observando as crianças correndo, pulando na piscina, nadando, etc... sem poder fazer nada disso...fiquei atordoada com aquela conversa...senti um misto de peso na consciencia, revolta com o mundo que a fez pensar assim, e com uma certeza de que pelo menos naquele dia eu podia fazer a Larissa feliz...voltei para a piscina, procurei ela novamente, peguei-a pelos braços e brincamos o dia inteiro...ela disse que nunca tinha ido no fundo...levei-a, mergulhei com ela no fundo, ensinei ela a boiar, coloquei-a de pé, enfim, enquanto eu fiz o domingo dela ser melhor...ela me passou um ensinamento para a vida inteira...nada nessa vida é tão grave e sério que não possamos superar...há sempre situações bem mais difíceis que a nossa...tristeza? não a tenho mais...só grandes coisas para aprender e melhorar...
Estou tentando...
me livrar de minhas amarras, cadeados, celas, algemas...
me livrar das minhas mágoas, rancores, que corroem e doem...
me livrar do meu nervosismo, lirismo, sensacionalismo, intensidades que me afetam, incomodam e acalmam...
me livrar do excesso de senso, de zelo, de querências, de verdade, de egoismo, de paixão, de tristeza...
teses para o ano novo? dor de cotovelo? lista de promessas? Não sei...mas tô tentando...