Quando a gente termina um namoro é estranho. A gente sente uma mistura de emoções que nos confundem, entristece e alegra...ao mesmo tempo que a gente sente o vazio q a pessoa amada deixou, a gente sente necessidade de querer curtir aquelas coisas que a gente sempre gostou e ficaram esquecidas, guardadas durante o tempo do namoro...não por evitar mágoas, mas pq um namoro (qdo bem vivido) te ocupa, te consome e vc nem arruma tempo p/ curtir momentos que deveriam ser só seus...(momentos egoístas mesmo, “O Lado Bom” http://zelia-duncan.letras.terra.com.br/letras/424474/).
Essas questões de solidão (momento egoísta) e de fazer o que quer me lembrou um caso de família. No início do ano, meu avô materno teve mais uma crise de soluço incontrolável... de ter que parar no hospital por causa da freqüência do soluço que o impedia de completar uma frase inteira sem se contrair num soluço...daí os 7 filhos começaram a questionar o porque da crise: problemas familiares? Solidão? (já q ele mora sozinho desde a morte da minha avô qdo eu ainda tinha 4 anos) etc...cogitaram a idéia de ele vir morar aqui em casa, ou na casa de outro filho, mas ele se negou... (pensei, nossa, mas q cabeça dura)...daí coincidiu de eu estar voltando para a casa dos meus pais...e como isso me tocou por dentro, já que eu estava me acostumando a morar sozinha e estava gostando muito da situação, mas infelizmente tive q voltar...refleti sobre minha situação e conclui que entendo perfeitamente bem pq meu avô não quer morar na casa dos outros...qdo a gente tem o nosso cantinho é a maior sensação de liberdade que alguém pode ter...como só existe você entre quatro paredes, pode-se fazer o que quiser: se sentir vontade de dormir o dia inteiro... é só deitar (e até ligar p/ o patrão falando que está passando mal) não tem ninguém p/ te delatar... se quiser comer 4 pães como almoço e tomar uma coca-cola geladaça de manhã ou deixar a cama desarrumada por 3 dias seguintes ou um copo do lado da cama que só vai sair dali se você tirar é uma questão de escolhas que não vai ter mais ninguém para opinar...Não que meu avô faça esse tipo de coisa, porque isso quem fazia era eu, mas com certeza ele tem coisas que gosta e se acostumou a fazer sozinho...seria muito chato p/ ele ter que abrir mão dessas coisas....
Eu e meu avô (apesar de não nos encontrarmos muito) sempre tivemos uma grande afinidade...entre eles o gosto por morar sozinhos, hábito de ler jornais ou livros (foi ele quem mais me apoiou qdo decidi fazer jornalismo) e interesse por pesquisas... e numa de nossas conversas sobre cultura popular, descobri sua história no Vale do Jequitinhonha...seus olhos brilhavam de saudades e medo qdo me contou que nunca mais tinha visitado sua cidade natal desde que saiu de lá aos 11 anos com uma mochila nas costas e mil sonhos de ganhar a vida na capital mineira...bom, sua trajetória é longa e muito bonita, mas se eu for contar vou precisar de umas 100 páginas do blog...mas resumindo a história, ouvi atentamente todas as suas lembranças e insisti para fazermos uma viagem p/ voltar naquela cidade...seus olhos brilhavam ainda mais de esperança e medo...medo de não reconhecer aquela região que estava fotografada apenas em sua memória, medo de não encontrar mais ninguém que fez parte de sua história lá, etc...fui embora de lá sem conseguir convencê-lo da viagem...mas sabia que esse passeio seria um sonho para mim e para ele...insisti, insisti, conversei com meus pais a respeito, minha mãe confirmou que realmente seria um presentão leva-lo até lá...ela gastou horas tentando convence-lo mas foi meu pai que com um passe de mágica o convenceu...fizemos as malas, preparei minha máquina, flash e pilhas...e finalmente fomos: eu, meu avô, meu pai e minha mãe...não vou contar a viagem...as fotos estão no www.anexoganesh.com.br ...mas resumindo tudo q queria dizer é: não importa o que aconteceu com a pessoa amada ou com o lugar...a fotografia de tudo fica na memória então não rola de passar a vida inteira lamentando ou sonhando...assim, como eu q estou curtindo pequenas coisas que ficaram guardadas meu avô agora não precisa ter medo de suas memórias pq ele foi lá, fotografou suas novas lembranças...e renovou seus sentimentos sobre o lugar...
* novamente não sei pq escrevi tudo isso....haha..
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