Homenagem:


Sete Lagoas, 08 de dezembro de 2007

Pequeno,

Decidir é a palavra do dicionário brasileiro que me causa mais espanto, porque ao mesmo tempo em que ela representa liberdade (porque as decisões de toda nossa vida só cabem à gente mesmo) ela também traz a sensação de prisão (as decisões tomadas de forma errada parecem amarras que nos prendem a vida inteira)...e as decisões começam bem cedo...ainda criança temos que decidir entre um brinquedo ou outro, na adolescência acontece uma explosão de decisões: qual roupa vestir, qual amigo é verdadeiro, com quem vai ser o primeiro beijo, etc... Rubem Alves costuma dizer que os adolescentes sempre têm os bolsos cheios de certezas. “Só muito tarde descobrem que certezas valem menos que um tostão. Seria muito mais racional e menos doloroso que eles fossem obrigados a escolher a mulher ou o marido ao invés da profissão, porque hoje o casamento é destino para o qual só se vende passagem de ida e volta. Casar e descasar são coisas que se resolvem rápido. Mas, com a profissão não tem jeito de fazer assim. Pra casar, basta amar. Na profissão, além de amar tem de saber. E o saber leva tempo pra crescer. A viagem para a faculdade dura cinco anos, pelo menos. E se depois de chegar e não gostar? Nada garante...É complicado. Leva pelo menos outros cinco anos para chegar a um outro lugar, com esse bilhete que se chama vestibular e essa ferrovia que se chama universidade”.
Pronto, você chegou (aliás, está chegando, hehe) no próximo passo além da universidade...as dúvidas permanecem mas a vida te joga outra decisão...e agora? “Entregar-se a uma profissão é igual a entrar para uma ordem religiosa. Os religiosos, por amor a Deus, fazem votos de castidade, pobreza e obediência. Pois, no momento em que você escrever a palavra fatídica no espaço em branco, você estará fazendo também os seus votos de dedicação total á sua ordem. Cada profissão é uma ordem religiosa, com seus papas, bispos, catecismos, pecados e inquisições. Se você disser que a decisão não é tão séria assim, que o que está em jogo é só o aprendizado de um ofício para se ganhar a vida e, possivelmente, ficar rico, eu posso até dizer: "Tudo bem! Só que fico com dó de você! Pois não existe coisa mais chata que trabalhar só para ganhar dinheiro. É o mesmo que dizer que, no casamento, amar não importa. É o mesmo que estar casado com alguém que você não gosta mas é obrigado a, diariamente, fazer carinho, agradar e fazer amor. Pode existir coisa mais terrível que isso? Pois é a isso que está obrigada uma pessoa, casada com uma profissão sem gostar dela.
O que eu queria dizer com isso tudo é que muitas escolhas e decisões ainda estão por vir...se que você já passou por várias delas e ainda terá mais uns bilhões de decisões por vir...todas elas de extrema importância para guiar seu destino...mas lembre-se sempre: a vida não é uma corrida em linha reta. Quando se começa a correr na direção errada, quanto mais rápido for o corredor, mais longe ele ficará do ponto de chegada. E nada é definitivo. Nem o casamento. Nem a profissão. E nem a própria vida... A coisa não está nem na partida e nem na chegada, mas na travessia..."Se, no meio da viagem você sentir enjôo ou não gostar dos cenários, puxe a alavanca de emergência e caia fora. Se, depois de chegar lá, ouvir falar de um destino mais alegre, ponha a mochila nas costas, e procure um outro destino.

Sorte, sensatez e muita felicidade em suas decisões, meu amor...e é claro que eu espero estar presente em suas próximas viagens e escolhas por muitos e muitos anos...Te amo gordinho!!!


Roberta Borato

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