“ quanto mais a gente se conhece mais o encanto se perde”

Fulô e Pedro se conhecem num lindo dia de inverno...Fulô usava calça jeans, blusa ¾ e sapatos e Pedro usava all stars, malha e calça cáqui...assim que se viram surgiu o interesse, era uma fria tarde de inverno na casa da Nani...Fulô era a melhor amiga de Nani, por isso estava bem à vontade, cabelos castanhos bagunçado, olhar brilhante e falando...falando...Pedro não estava tão a vontade pois só conhecia Marcelo, namorado da Nani...mas se sentou e procurou seu cigarro no casaco para quebrar o mal-estar, mas enquanto procurava Fulô ofereceu-lhe um carlton, que Pedro aceitou com um sorriso singelo de obrigado e perguntou:
- Como você sabia que eu estava procurando meu cigarro?
Essa atitude quebrou o gelo e os dois foram se envolvendo, conversavam sobre música, política, pratos, bares, jogos etc...e o sexo? Ah! Eles se entendiam muito bem...
Com o tempo, Pedro começou a querer saber mais sobre a vida de Fulô, sugeriu que eles se conhecessem melhor, mas Fulô pediu a Pedro que deixasse que o encanto permanecesse, por isso não falaria sobre si mesma e nem gostaria de conhecê-lo melhor...esse mistério permaneceu nos dois primeiros meses...mas Pedro insistia e Fulô acabou cedendo aos poucos...Dois anos depois eles se separaram...motivo: resolveram conversar para tentar se entenderem...Como diz Rubem Alves: “é conversando que a gente se desentende”.
A separação vem da compreensão. Para ficar junto é melhor não entender. Rubem Alves completa: “Os casais acham que suas brigas se devem ao fato de não se entenderem e pedem então socorro aos terapeutas. Mas não é certo que, depois de se entenderem melhor, vão ficar juntos. Freqüentemente é no exato momento da compreensão que a separação se torna inevitável. Nada garante que o compreendido seja gostado”.
Uma vez fui num restaurante (desses self-service mesmo) e lá entre panelas e travessas estava uma carne linda e cheirosa, servida com cogumelos e molho madeira...coloquei no prato e enchi a boca para deliciá-la...estava macia, deliciosa...comentei com meu pai: nossa que carne macia! E ele me revelou: não é carne é língua de boi...Eu entendi, entendimento que me fez vomitar toda aquele deliciosa língua...é assim, às vezes, quando a gente não entende, como e gosta. Quando entende, desgosta e vomita.
A compreensão pode ser tão fatal para um relacionamento quanto foi para o meu jantar...hehe..